Começou a temporada de greve no Brasil! Todo ano é a mesma coisa. Quem dá mais? Ou será quem pede mais? A greve é contra você cidadão! Você não está oferecendo condições suficientes para que o servidor queira fazer aquilo que se propôs quando optou em prestar um concurso público, ou seja, lhe servir. Deixe de ser pão duro e abra o bolso!!
Em nível nacional os CORREIOS entraram em greve nesta segunda por tempo indeterminado. Querem, dentre outras reivindicações, um novo plano de cargos, parece que uma redução da jornada de trabalho e que a empresa (leia-se: eu e você) continue bancando em até 95% do plano de saúde dos funcionários e seus dependentes.
Um funcionário de nível superior que ingresse hoje nos CORREIOS tem um salário de R$ 4.786,19, podendo atingir no final de carreira R$ 18.987,84 (Fonte: ACT 2017/2018). Dependendo da complexidade do trabalho talvez o salário inicial não esteja condizente com o mercado malvadão, mas certamente o salário final está supervalorizado em relação à realidade brasileira, o serviço prestado e ao teto salarial do serviço público, que é o salário dos ministros do Superior Tribunal Federal – STF de R$ 33.763,00. Será que os servidores dos CORREIOS querem apenas aumentar seu salário inicial ou chegar perto do salário do STF no final da carreira? Não sei. O fato é que há um completo descasamento entre os salários das várias carreiras da Administração Pública com os da iniciativa privada e também com a realidade brasileira. Aqui na FINEP o final de carreira de nível superior chega a “módicos” R$ 28.278,88. Somos quase supremos!!? E não precisamos fazer greve para aumentar nossos estratosféricos salários e benefícios……………os bancos públicos e privados do capitalismo malvadão fazem para gente.
Quanto ao plano de saúde, é intrigante ver a defesa da manutenção de um percentual a ser pago pela Estatal que vai de encontro com a regra contida na Resolução Nº 23 do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, publicada em 18 de janeiro de 2018, que determina a paridade, entre empresa e funcionário, no custeio de benefícios de assistência à saúde. Talvez seja apenas reflexo do corporativismo existente no serviço público, afinal somos todos Homo Economicus.
Aqui no Distrito Federal, depois dos vigilantes, é a vez dos servidores do DETRAN anunciarem a greve a partir do dia 13/03. Adivinha por quanto tempo? Sim, por tempo indeterminado (leia-se: até fazer o que eles querem). Será que eles estão reivindicando participação nos lucros da indústria da multa no Distrito Federal, que só no ano de 2017 rendeu mais de R$ 400 milhões aos cofres públicos? Parece que ainda não. Querem mesmo uma jornada de trabalho de exaustivas 30 horas e aumento de salário. Justo, não!?!? O GDF já gasta quase 80% da sua arrecadação com custeio da máquina pública, mas o que isso importa para o servidor? Deve ser problema seu, cidadão pagador de impostos, que está pagando pouco imposto para sustentar o Estado socialista proposto pelos últimos governantes que elegeu.
Enquanto parte dos servidores fazem greve inconformados com sua remuneração e benefícios, que na maioria das vezes é pago acima do valor pago no mercado privado, não se importam com a captura da empresa que trabalham por partidos políticos. Fazem de tudo para melhorar o próprio salário, mas não estão nem aí para a nomeação de um quadro político com segundas intenções que certamente vai prejudicar a prestação de um serviço eficiente para o cidadão. Querem que o cidadão pague melhores salários, mas não querem entregar uma empresa eficiente, que se pague, e que preste um serviço adequado a um preço justo. E ainda acham ruim quando alguém fala em privatização.
Já pensou se você, cidadão pagador de impostos, resolvesse demitir esses servidores que fazem greve para trabalhar menos e ganhar mais para contratar um dos mais de 200 mil desempregados no DF e não interromper o serviço que você paga todo o mês para ter?
Quem será o próximo? Receita Federal? Auditores do TCU? Da CGU? Do TC-DF? Banco Central? STN? Ciclo de Gestão? Todos com salário inicial de mais de R$ 10 mil mensais. Será que esse pessoal sabe que estão pelo menos entre os 5% mais ricos do país?
Brasil, o país socialista onde os sindicalistas das carreiras mais bem remuneradas fazem greve todo ano.
Eu fico aqui sonhando com o dia que os servidores e empregados públicos farão greve, por tempo indeterminado, quando um parlamentar ou partido político capturar seu órgão ou empresa, exigindo a nomeação de gente qualificada e bem-intencionada para os cargos existentes.
Até quando a greve será para melhores salários e menos trabalho ao invés de por uma gestão técnica e eficiente?
Por Fernando Caixeta formado em Administração e com pós-graduação em Gestão Pública e filiado do NOVO.